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VRGILIO GOMES DA SILVA 249f

At tu, companheiro?
Equipe Clnico-Grupal Tortura Nunca Mais

O filme O que isso, companheiro?, baseado no livro homnimo de Fernando Gabeira, consagra nas telas a adaptao para os dias de hoje da verso militar para os anos de chumbo.

Alegando tratar ficcionalmente o episdio do seqestro do embaixador americano, sem pretenso de reconstruir a histria do pas e com a anuncia do escritor, o filme oferece o texto ideal ao arremate de mais um captulo da histria dos modos de silenciamento utilizados pelos sucessivos governos ps 64 em seu processo de apropriao de nossa memria.

Do terror que calava, a-se praticamente sem escalas obrigao de esquecer. O que reclamaro agora ex-presos polticos e familiares do mortos e desaparecidos? J no tiveram a anistia, o reconhecimento da responsabilidade da Unio nas mortes e a indenizao dos familiares? E, finalmente, a esquerda tambm j no pode contar sua prpria verso? Agora chaga. Deixemos o ado e cuidemos da vida.

Esta tem sido a recomendao ouvida em diferentes tons e verses a partir da dcada de setenta, desde que grupos de familiares de mortos e desaparecidos se organizam para denunciar as prises ilegais, torturas, assassinatos e ocultamento dos corpos dos presos polticos perpetrados pela represso.

Segundo o discurso do poder poca, a Segurana do pas estava sendo ameaada por elementos terrivelmente perigosos, treinados e armados por Moscou para implantar o comunismo. Era preciso, portanto, cortar o mal pela raiz e, cabia s Foras Armadas o papel de identificar e aniquilar exemplarmente o inimigo. Para esta gloriosa tarefa conclamavam o povo a denunciar qualquer suspeito. As mortes, se ocorriam, eram entre foras em guerra ou por suicdio. Quanto aos desaparecidos, estes encontravam-se, na verdade, foragidos. Definitivamente, no havia tortura no Brasil.

Com o enfraquecimenmto do regime, os militares concedem uma jogada de mestre: a Lei de Anistia, que possibilita a volta do exlio e a libertao de militantes presos, tambm se aplica aos torturadores, igualando a todos no perdo. Familiares de mortos e desaparecidos que exigem a localizao de seus parentes e a investigao dos desaparecimentos am a ser ameaados e acusados de desestabilizar o processo de redemocratizao do pas.

Recentemente, quando j no h como negar as evidncias de torturas e mortes, alguns militares ilustram em entrevistas publicadas no livro Os Anos de Chumbo A Memria Militar Sobre a Represso a verso conhecida para o momento. Ora, afirmam que no houve tortura no Brasil e que tudo no ou de inveno da esquerda para justificar as delaes ou dos advogados para argir a legitimidade dos inquritos. Ora, item que a tortura existiu, mas de forma ocasional, devido aos excessos de alguns desequilibrados. No mximo, justificam o uso de algum nvel de presso psicolgica ou fsica, , pois, afinal, estava em jogo a defesa da nao.

Finalmente, frente crescente fora poltica das entidades de defesa do direitos humanos e a divulgao pela imprensa de provas das mortes por tortura e execuo sumria, preciso responder opinio pblica. Assim age o governo equilibrista de F. H. C.: sanciona a lei que reconhece a responsabilidade da Unio nas mortes de alguns militares e indeniza seus familiares, mas dobra-se presso militar que impede as investigaes e a abertura dos arquivos da represso. Alm disso, conclama a nao a esquecer o ado e aponta o Estado e os grupos radicais de esquerda e direita como os responsveis pelas mortes e desaparecimentos polticos. (JB 29/08/95)

O terror foi a estratgia usada para garantir o

ambiente necessrio para a consolidao de

governos e polticas ditatoriais,

impopulares e injustas.

Esta perspectiva, que promove uma intencional descontextualizao poltico-econmica no quadro que produziu ditaduras militares em srie em todos os pases do cone sul a que parece nortear o filme de Bruno Barreto, onde tudo parece girar em torno de alguns jovens idealistas que pegaram em armas e provocaram uma dura reao militar. Uns e outros so responsveis pelo que se seguiu: O torturador em conflito justificando a necessidade de seu novo ofcio esposa incrdula e o guerrilheiro Jonas ameaando torturar o embaixador so apresentados como as duas faces da mesma moeda. Como analisa Franklin Martins, em artigo no jornal O Globo de 10/05/97: notvel o esforo para dissolver as fronteiras entre os dois lados, mostrando-os como assemelhados. Com isso, tenta-se afastar a necessidade de que o cineasta, atrs da cmara, e o espectador, em frente da tela, tenham de se colocar diante dos dilemas da poca. Se todos os gatos so pardos, e ningum est errado, para que tomar posio? Em vez de reflexo, digesto. a receita de uma poca: a atual. No era a dos tempos que o filme pretendeu retratar.

Naqueles tempos, o mundo estava dividido em dois grandes blocos: de um lado, o mundo capitalista cristo representado pelos EUA e de outro, o perigo comunista ateu, identificado com a URSS. Neste contexto, a ideologia de segurana nacional, jogava um papel fundamental, justificando a represso a qualquer um que questionasse a ordem vigente. Visava no somente a eliminao fsica dos opositores ativos do regime os subversivos mas a disseminao do medo, imobilizando e calando toda sociedade. Com os canais polticos tradicionais obstrudos, alguns pegaram em armas. No foram os nicos a conhecer o inferno da tortura. O terror no foi um fato aleatrio, excesso ou excesso episdica, nem se deveu a traos psicopatolgicos de uma dzia de torturadores, j nos alertava Hlio Peregrino, em 1985. O terror foi a estratgia usada para garantir o ambiente necessrio para a consolidao de governos e polticas ditatoriais, impopulares e injustas. As ditaduras orientadas por militares americanos, criaram uma espcie de laboratrio de produo de dano irreversvel. Alm de informao ou confisses visavam a quebra exemplar de toda e qualquer resistncia atual ou futura dos presos. Seus filhos, pais e companheiras foram tambm torturados ou lhes assistiram as torturas. Alguns, foram supliciados at a morte, e tiveram seus corpos desaparecidos, estendendo a tortura aos familiares e amigos que, em vo, tentavam localiz-los e por muito tempo, negaram-se a realizar o processo de luto, como nica forma de resistncia ao esquecimento imposto pelas autoridades.

Como medir as marcas, os efeitos que tais violncias exercem at hoje? Como se exigir levianamente que se vire a pgina, se essas histrias ainda no encontraram espao na histria oficial? Um dos mais perversos efeitos desse silenciamento que o dano, ao ser mantido em segredo e transformado em problema individual, aprofunda o isolamento, vitimiza e faz funcionar um movimento de despotencializao poltica.

Contribuir para isso, sob qualquer pretexto e em qualquer medida, quando se tem o aos meios e mdia, optar pela conivncia, quando se podia utiliz-los para o esclarecimento.

A tortura no ato de guerra, crime de guerra, crime contra a humanidade! A violao do direitos humanos essenciais no atinge apenas as vtimas diretas, compromete toda a sociedade. Mas, se a sociedade no se percebe como atingida por desconhecer informaes ocultas at hoje e no reconhece o dano, este continuar reduzido ao espao privado da vida familiar dos ditos atingidos pela manto da impunidade, continuaro a fazer vtimas e a comprometer a democracia.

*Equipe de profissionais responsveis pelo

projeto de apoio mdico-psicolgico e de reabilitao fsica

e social para vtimas da tortura.

As duas Mortes do Companheiro Jonas

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