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"Que
os Estados respeitem o trabalho de Durban"
Declarao
de organizaes da sociedade civil sobre a Conferncia contra o
racismo
Frum ONGs
Os Grupos de
Trabalho se reuniram para enviar uma mensagem para os delegados e
representantes dos Estados sobre nossas preocupaes com a
Declarao e o Plano de Ao da conferncia. Estamos
profundamente desapontados, pois acreditamos que as ONGs tm
exercido apenas um papel simblico nesse processo. Muitos
representantes da sociedade civil foram excludos do espao da
conferncia e o tempo para nossas apresentaes limitado, o
que nos impossibilita de ter um impacto direto sobre os
documentos. Estamos especialmente preocupados com a marginalizao
dos jovens nesse processo, que nem sequer tiveram sua declarao
publicada e divulgada, para que suas posies possam ser
apoiadas.
Gostaramos de reafirmar que o trfico de escravos, a escravido
e o colonialismo tm impacto direto sobre os povos africanos e
afro-descendentes, sobre os povos asiticos e seus descendentes e
sobre os povos indgenas. As mulheres dessas comunidades foram
particularmente oprimidas, atravs da represso de seus corpos,
de suas famlias e do controle sobre sua liberdade reprodutiva.
Declaramos que o trfico de escravos, a escravido e o
colonialismo so crimes contra a humanidade e que resultaram na
situao de pobreza e excluso, na explorao e marginalizao
de comunidades em todo o mundo. Exigimos que os Estados adotem
todas as medidas necessrias para garantir os direitos dessas
comunidades, especialmente as medidas jurdicas referentes s
reparaes para casos de racismo, discriminao racial,
xenofobia e outras formas de intolerncia, alm de medidas de
preveno reincidncia desses casos.
A globalizao representa hoje uma nova forma de colonizao e
imperialismo, que se baseia na explorao da terra, dos recursos
naturais e dos trabalhadores, e tem impacto sobretudo nos povos
indgenas, asiticos, africanos e seus descendentes. Esse modelo
gera o racismo ambiental, a extrema pobreza, a crise dos
refugiados, das comunidades deslocadas, dos exilados, da migrao
forada e do trfico de mulheres e crianas. Exigimos que os
Estados revisem suas leis e procedimentos istrativos, com o
objetivo de proteger essas comunidades de todas as formas de
discriminao.
Sabemos que, no contexto global, os meios de comunicao possuem
grande poder. Portanto, esses meios no podem ser utilizados para
divulgar mensagens racistas, que contribuem com os esteritipos
negativos. A mdia deve refletir todos os setores da sociedade e
incluir a diversidade em seu corpo de funcionrios. Reivindicamos
aos Estados que apoiem os meios de comunicao comunitrios,
que possam representar positivamente as comunidades atingidas pelo
racismo, a discriminao racial, a xenofobia e outras formas de
intolerncia.
Sabemos que muitos Estados rejeitam a discusso sobre ocupaes
militares nessa conferncia, argumentando que essa uma questo
poltica. Ns descordamos dessa posio. Sabemos que em regies
como Tibet, West Papua, Aceh e Palestina esse tipo de ocupao
tem gerado srias violaes dos direitos humanos e da liberdade
desses povos.
Exigimos que os Estados reconheam a conexo entre diferentes
formas de discriminao institucional, incluindo idade, sexo, gnero,
orientao sexual, posio scio-econmica, deficincias fsicas,
sade, descendncia, idioma, classe, cultura, religio e castas
"intocveis", como fatores que agravam o racismo, a
discriminao racial e a xenofobia. Respeitamos a dignidade das
vtimas do racismo, da discriminao racial, da xenofobia e
outras formas de intolerncia e vamos trabalhar juntos para
garantir que esses setores no sejam oprimidos no futuro.
Finalmente, exigimos que todos os Estados, presentes ou ausentes
na conferncia, respeitem o trabalho desenvolvido na Declarao
e que implementem o Plano de Ao da conferncia. Sugerimos que
organizaes da sociedade civil utilizem os sistemas
internacionais de proteo dos direitos humanos, com o objetivo
de monitorar seus governos, e que enviem seus informes para a
Secretaria Geral e para o Comit sobre Discriminao Racial da
ONU.
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