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18. Vida e morte de dona Joaquina

Enquanto eu escrevia o livro “...e l fora se falava em liberdade”, cheguei a elaborar mentalmente um projeto de fico que nunca executei. Eu j tinha a personagem, cuja data de “nascimento” estava bem fresca em minha mente. Era uma certa dona Joaquina, nascida numa excurso que fiz Europa com Lourdinha, Paulo Frassineti e sua Eliane das Virgens, Paulo Lucas e sua Maria do Socorro Sena, e outras pessoas do nosso ciclo de amizade.

A certa altura do eio, quando fazamos o roteiro das ilhas gregas a bordo de um navio, Paulinho Frassineti, descendo uma escada do deck me interpelou: “Bira, como vo as coisas?”. Respondi de imediato: “Olha, Paulinho, como dona Joaquina sempre diz, as coisas esto indo em ordem”.

Curioso, ele quis saber quem era essa dona Joaquina de quem eu falava. E a fui inventando a personagem ali mesmo, juntando traos de pessoas conhecidas, acrescentando traos fsicos e psicolgicos. Perspicaz, Paulinho percebeu o jogo e comeou a dar sua contribuio para a definio da criatura que, agora, ganhava dois “pais”.

Combinamos ento em popularizar nossa personagem, mas mantendo um qu de segredo em torno dela, a fim de despertar a curiosidade das pessoas. E assim aconteceu. Dali a meses, dona Joaquina estava superpopular entre nossos amigos e conhecidos e todo o mundo comeou a indagar quem ela era e a imaginar mil coisas a seu respeito. Para afastar suspeitas domsticas, tratei de explicar tudo a Lourdinha, que riu bastante com a nossa astcia.

Quando eu e Lourdinha e alguns amigos viajamos a Florianpolis, fomos visitar a Praia de Joaquina. Era impossvel que ningum se lembrasse de perguntar pela “minha” Joaquina. Ali mesmo desembuchei: “Dona Joaquim terminou seus dias aqui, por isso a praia tem o seu nome, em retribuio irao que as pessoas tinham por ela, uma pessoa bonssima, segundo a opinio geral dos praianos”.

Aproveitando o embalo da fantasia, prossegui: “Outros dados de sua biografia informam que ela nasceu em Macaba, mudando-se depois para Natal, onde foi amicssima de Maria de Barros, a popular Maria Boa do bordel do mesmo nome. Dona Joaquina teve amantes dos mais diversos extratos sociais, inclusive gente da poltica e do comrcio”. Em seguida, acrescentei que um dia, quando se esbaldava no bordel de Maria Boa, ela conheceu o capito de um navio mercante que se apaixonou loucamente por ela, levando-a para a Europa e cumulando-a de joias e uma farta conta bancria. Mas um dia, ela cansou dessa relao, e resolveu voltar para o Brasil, escolhendo o litoral de Santa Catarina para morar.

Depois de uma pequena pausa, prossegui: ”Paira um grande mistrio acerca das razes que levaram dona Joaquina a deixar a vida de luxo e prazeres que levava na Europa, para se refugiar solitria num pequeno chal que mandou construir especialmente para ela prpria na praia que hoje leva o seu nome. H verses que apostam que o objetivo do seu recolhimento seria ageiro. Acabaria logo que conclusse a escritura de suas memrias. Mas o certo que ela nunca mais voltou a Natal. Por que razes, ningum at hoje descobriu”.

Lembro que algum do grupo perguntou se eu no teria uma verso pessoal para o grande mistrio que cerca os ltimos dias de Joaquina. Respondi que sim, mas que por enquanto preferia no contar. Talvez contasse num livro que estou escrevendo mentalmente, mas que em breve colocarei no papel.

Imaginar uma vida para dona Joaquina se tornou um atempo interessante e agradvel para mim. Acho que assim que os escritores de fico fazem: vo imaginando aos poucos a personagem, at v-la completa e complexa, com traos bem distintos. Nesse ponto, quase cheguei a ser um escritor de fico.

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