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O Jornalista Ubirajara Macedo
Conta a Histria da Sua Vida
Nelson Patriota, 2010
11.
Uma experincia cooperativista
Quando
sa do Dirio de Natal, em
fevereiro de 1987, aposentado pela segunda
vez, dessa vez como jornalista, eu j
era um profissional conhecido e popular
no meu meio. Em parte, isso se deveu ao
longo e ininterrupto trabalho que desenvolvi
no decorrer de toda a minha carreira. Tive
tambm experincias istrativas
no meio jornalstico e fora dele,
a exemplo do que aconteceu em minha vida
profissional durante o tempo em que morei
na cidade de So Paulo, quando conciliava
trabalho burocrtico nos Correios
com trabalho jornalstico no rdio
e, mais tarde, na imprensa escrita.
Lidar com os problemas da minha categoria
foi uma experincia que muito me agradou,
pois me permitia intervir diretamente em
questes com as quais eu estava bem
familiarizado, o que no quer dizer
que fossem questes de fcil
soluo. Em Natal, participei
ativamente da Associao dos
Jornalistas, que teve, entre outros, presidentes
do nvel de um Dermi Azevedo, profissional
que hoje nome de respeito na imprensa
nacional. Da Associao, surgiu
o Sindicato dos Jornalistas. Tambm
me integrei a essa luta, chegando a ser
vice-presidente na gesto do colega
Arlindo Freire. Fizemos a istrao
que motivou a fundao do
nosso Sindicato.
Essa condio de sindicalista
me credenciou a concorrer a uma vaga de
juiz classista. Ganhei duas eleies
para assumir a funo de juiz
substituto, indicado que fui pelo colega
jornalista Orlando Rodrigues, o “Cabor”,
que tambm foi juiz classista. A
junta trabalhista na qual atuei era em Goianinha,
onde fiz amigos como Slvio Caldas,
Raimundo de Oliveira e Francisco de Assis,
juzes togados. O trabalho era gratificante,
porque voltado para os direitos trabalhistas.
E o salrio tambm era compensador.
Havia trabalho at demais. Menores
trabalhando no corte da cana-de-acar,
agricultores reclamando de trabalho escravo,
trabalhadores se queixando dos salrios
aviltantes e de acordos descumpridos, mulheres
exigindo penso alimentcia
para filhos, maridos foragidos...
O que mais me incomodava eram as denncias
de trabalho escravo. A justia tolerava
esse tipo de coisa. Hoje, felizmente, com
o combate a essa forma desumana de trabalho,
isso vem acabando.
Meu trabalho como juiz classista, todavia,
durou pouco, porque no ano de 1990 eu completei
70 anos de idade e fui afastado do cargo
pela compulsria, conforme manda
a Constituio. Foi bom enquanto
durou...
Anos
depois, foi criada a Cooperativa dos Jornalistas
de Natal – Coojornat. Seu primeiro
presidente foi o jornalista Dermi Azevedo.
Na sequncia, assumiu Svio
Hackradt, que hoje milita no mercado publicitrio
de So Paulo, com agem por Braslia.
Alusio Lacerda assumiu em seguida,
mas ou poucos meses, devido a outras
solicitaes profissionais.
Fui o quarto presidente da Coojornat, tendo
como auxiliar direto o jornalista Luciano
Almeida. Na minha gesto, adquirimos
mquinas para o nosso parque grfico,
que vieram a fortalecer a entidade. Na sequncia,
Luciano Almeida me sucedeu na presidncia,
tendo se sado muito bem nessa funo.
Graas aos novos maquinrios,
imprimimos jornais, como o “Salrio
Mnimo”, veculo que
fez um verdadeiro rebulio no meio
empresarial pelas matrias-denncias
que produzimos. Tambm imprimimos
revistas e livros diversos, marcando a minha
gesto pelo grande volume de publicaes.
A situao poltica
do pas, no entanto, no favorecia
as cooperativas, e a nossa no escapou
crise poltico-institucional
da poca. Assim, tivemos que cerrar
nossas portas, no antes de um bravo
perodo de resistncia. J
na gesto de Luciano Almeida, samos
do centro da cidade e nos instalamos no
KM 6, no bairro das Quintas, onde grficos
como “Seu” Lauro Almeida, pai
de Luciano, atuaram at os momentos
derradeiros da Coojornat. A propsito,
o ltimo presidente da Coojornat
foi Joo Maria Almeida, irmo
de Luciano.
A criao da Coojornat foi
uma fase rica na vida profissional dos jornalistas
da minha poca. De minha parte, isso
me propiciou um relacionamento dirio
com os problemas afetos diretamente ao jornalismo
profissional, exigindo de mim e de meus
colegas um esforo redobrado para
resolv-los, sempre que possvel.
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