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8. Uma parceria com Carlos Lima

Foi por esse tempo que comecei a pesar alternativas e reavaliar meus projetos mais “consensuais”. Esse perodo coincidiu com o incio da contagem regressiva para a minha aposentadoria no servio pblico. Nesse longo perodo de 30 anos de servios prestados aos Correios, coubera de tudo: aprendizado, maturidade, dvidas existenciais e certezas polticas, seguidas da contraparte da represso fascista ps-64, quando mergulhei numa roda-viva que colocou em xeque tudo o que eu pensava saber da vida. A srie de delaes feitas por colegas de repartio contra mim serviu para que eu reconsiderasse minhas relaes de trabalho e asse numa peneira fina o que restara das minhas amizades.

Eu no poderia deixar de mencionar tambm a reviravolta que sucedeu longa crise do meu casamento com Doralice: a separao seguida do divrcio e, finalmente, sua partida para o Rio, com nossos filhos e, mais tarde, seu retorno solitrio para Natal. Finalmente, chegou a minha vez de tambm cogitar de um retorno minha cidade de adoo. Mas eu no tinha planos de me entregar ao dolce far niente, que faz as delcias dos ricos ociosos. Primeiro, porque eu no estava rico. A aposentadoria no Brasil, com pouqussimas excees, na minha poca, no tornava ningum rico. Segundo, porque o cio tambm no me atraa. Pelo contrrio, medida que se aproximava a aposentadoria, mais eu dava tratos bola na busca de alternativas de trabalho. Assim, retomei o dilogo com Carlos Lima, meu fraternal amigo de infortnios e temores de prises, mas tambm o amigo querido das rondas dos bares, onde se reacendia a chama da esperana no nosso castigado pas que nunca esquecamos, sobretudo para vaticinar-lhe dias melhores, pois desejvamos ardentemente que isso acontecesse.

Numa das nossas conversas por telefone, Carlos, que j se instalara como mdio empresrio do setor grfico na Rua Doutor Barata, da “Ribeira velha de guerra”, contou-me que havia ocupado um prdio de especial significado para a cidade: onde funcionara a Junta Comercial do Estado durante muitos anos. Com os negcios estabilizados e com tendncia a crescerem, Carlos queria dar sua cota de contribuio para duas reas da cultura: a literatura e o jornalismo. O primeiro, atravs de uma coleo que trazia o sobrescrito das Edies Clima. Nela, perfilhava obras da novssima gerao de poetas e prosadores potiguares, como o contista Tarcsio Gurgel, os cronistas Valrio Mesquita e Augusto Severo Neto, as poetisas Maria Clia da Trindade e Maria Lcia Brando, o teatrlogo Racine Santos e o poeta Dailor Varela. Mas foi, mesmo, o poeta Celso da Silveira, com suas coletneas de glosas fesceninas, cujas reedies se sucediam ininterruptamente, quem consagrou a coleo das Edies Clima, lhe garantindo vendagens recordes que, de certo modo, compensavam os investimentos em ttulos encalhados que se deixavam ficar na estante dedicada aos autores norte-rio-grandenses.

Faltava o vis jornalstico aos projetos de Carlos. Foi a que eu entrei, logo aps desembarcar em Natal, em janeiro de 1972, cumprindo deciso que eu tomara ainda em So Paulo, enquanto sonhava com o cio que os Correios finalmente me concederiam, e a disponibilidade de tempo que agora eu poderia dispor para o jornalismo. Eu combinara com Carlos Lima que faramos inicialmente uma publicao mensal que portaria o nome de “Cadernos do Rio Grande do Norte”. Com ela, visvamos dar uma contribuio que espervamos que fosse significativa para a discusso dos grandes problemas do Estado, e quando dizamos “grandes problemas”, queramos de fato dizer os problemas da economia, da poltica, mas tambm da cultura, dos esportes, do lazer etc. Ao mesmo tempo, tnhamos planos de abrir com os “Cadernos” uma janela para a promoo das grandes solues que porventura viessem a surgir numa das suas reas de abrangncia. Para isso, nos cercamos de alguns profissionais experientes, em regime “free lance”. O jornalista Joo Gualberto Aguiar cuidaria da frente da cultura, enquanto o verstil Sebastio Carvalho aria o pente fino nos textos redacionais, garantindo-lhes qualidade e uniformidade jornalstica.

O primeiro nmero se enquadrou melhor na primeira opo, mas faltou uma reportagem de impacto que alavancasse a edio. Em compensao, tivemos um razovel xito na rea comercial ao garantirmos uma matria promocional da Caern, atravs de contato que fiz com Fernando Pereira, diretor istrativo da estatal.

O segundo nmero veio mudar radicalmente essa situao. Edio caprichada, em policromia, impressa numa moderna grfica da Paraba, se enquadrou perfeitamente na alternativa “janela das solues”, com a capa exibindo uma imensa foto, que continuava na contracapa, do novo estdio de esportes da cidade, oficialmente chamado de Estdio General Castelo Branco, o “Castelo”, homenagem meio forada da Cmara de Vereadores de Natal ao ento presidente Humberto de Alencar Castelo Branco.

As edies dos “Cadernos do RN” se sucederam num ritmo intenso ao longo de um ano e meio, totalizando 36 nmeros, quando renomeamos a revista de Folha dos Municpios, em homenagem ao ex-prefeito Djalma Maranho (em aluso sua Folha da Tarde, onde eu e Carlos demos a nossa colaborao atravs de crnicas dirias).

A retaguarda do jornal contava com nomes fortes do jornalismo natalense, como Sebastio Carvalho, Isa Maria Freire e colaboradores do nvel de Verssimo de Melo, Hlio Galvo, Jos Melquades e o casal Camilo Barreto e Ana Maria Cascudo. Em determinado estgio da revista, amos a contar com a colaborao do jornalista Francisco das Chagas Oliveira, que se revezava entre a redao e o setor comercial.

Nesse ltimo ano de circulao dos “Cadernos do RN”, Jorge Amado e Zlia Gattai aram uma semana em Natal e a revista deu uma ampla cobertura presena do ilustre casal baiano cidade, com direito a festas patrocinadas pela prefeitura, entre outras badalaes, algumas de ordem cultural. Jorge Amado visitava a redao da Folha dos Municpios com frequncia, e nos divertia com suas histrias bonitas, cheias de verve. Zlia era mais calada, mas quando resolvia falar sempre dizia coisas interessantes. O casal de escritores se constituiu o episdio mais brilhante de toda a existncia da revista.

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