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Raimundo Ubirajara de Macedo
Textos
Nas
gavetas da memria – Ubirajara
Macedo
Tribuna do Norte, 18.07.2014
Yuno
Silva
reprter
Fugindo
da cataclismtica seca de 1932, Joaquina
muda-se ainda adolescente com a famlia
de Apodi para Macaba em busca de
sobrevivncia. Na capital potiguar
arrebatada por uma vida de prazeres
mundanos e dinheiro ‘fcil’
como pupila da famosa cafetina Maria Boa,
at cair nas graas do comandante
de um navio cargueiro espanhol que transportava
sal para a Europa. No Velho Mundo v
sua vida transformada aps a morte
do pai. Esse o cenrio da
histria imaginada h mais
de 20 anos pelo jornalista veterano Ubirajara
Macedo, e que s agora ganha forma
nas pginas do livro “A saga
de Joaquina – do Atesmo ao
Cristianismo”. A fico,
que o autor faz questo de no
chamar de romance, ser lanada
neste prximo sbado (19),
s 17h, no salo de festas
do Edifcio Morada Riomar, onde mora,
na Av. Deodoro, Cidade Alta.
Na
ocasio, o Centro de Direito Humanos
e Memria Popular apresenta DVD-Rom
sobre Macedo, que figurou na lista dos presos
polticos durante o perodo
da ditadura Militar aqui no RN.
A
saga de Joaquina ficou latente por uma dcada,
bem guardada na memria do jornalista,
at ser retomada meio que por acaso
durante viagem internacional do autor no
final dos anos 1990. “Lembrei de Joaquina
durante um cruzeiro pela Grcia,
na verdade foi meu colega de viagem (o mdico)
Paulo Frassinete que conhecia a histria
e, olhando pro Mar Egeu, disse que as guas
tinham o azul dos olhos da personagem”,
recorda.
Quase
15 anos depois, Ubirajara decidiu ar
tudo para o papel, e como no consegue
mais digitar, ditou todo o livro para a
enteada Virna Damasceno e a cuidadora rica
Glauciane Jernimo, que trabalha com
Ubirajara h seis anos. “Muita
gente me ajudou a fazer esse livro”,
comemora, “ficaram impressionadas
(Virna e rica) com a riqueza dos
detalhes da histria. S agora
no fim da vida me lembrei de escrever esse
livro. Meus amigos sempre disseram que Joaquina
merecia um livro”.
O
processo de feitura da obra levou cerca
de quatro meses. A publicao
sai com chancela da Sebo Vermelho Edies
e o preo de capa R$ 25.
O
livro pura fico,
mas os lugares por onde a protagonista andou
e alguns nomes com quem ela topou ao longo
de sua trajetria so verdadeiros,
como a prpria Maria Boa e o professor
Antnio Corcino de Macedo, pai de
Ubirajara, que lecionava no distrito de
Jundia e, no livro, ensina o be-a-b
Joaquina. Apesar de ter conhecido
uma Joaquina em Macaba h
muito tempo, o autor garante que no
h nenhuma relao.
“Peguei s o nome emprestado.
A histria surgiu sem referncias
externas, ningum me disse nada”,
garantiu.
Ele
diz no ter outras histrias
“na cabea”, e se “tivesse
idade” escreveria sobre suas viagens
ao lado da esposa Dona Lourdinha, com quem
est casado h 14 anos –
os lugares citados como mais inspiradores
foram Chile, Cuba, Paris, Budapeste (Hungria)
e a Turquia. Durante a entrevista, inclusive,
reclamou do estado de sade: Ubirajara
Macedo est se recuperando da quarta
pneumonia seguida. “Estou em um momento
ruim, meio doente”, avisou. Nascido
em Macaba no dia 1 de maro
de 1920, faz questo de dizer que
tem quase 94 anos e meio.
“No
sou comunista”
Esse o terceiro livro de Ubirajara
Macedo. O primeiro, “E l fora
se falava em liberdade”, foi escrito
entre 1964 e 65, durante os 11 meses que
o jornalista ficou detido pelo regime Militar
sob acusao de subverso
comunismo. “Sou catlico apostlico
romano, sobrinho de Dom Joaquim de Almeida,
o primeiro bispo de Natal, no tinha
como ser comunista”. Ele trabalhou
no jornal do ex-prefeito Djalma Maranho,
onde matinha uma coluna que lanava
crticas ferinas onde tratava os
norte-americanos como imperialistas. “E
so mesmo! Sou de esquerda, permaneo
de esquerda, mas no sou comunista”,
avisa.
Na
poca ele ficou preso com o mdico
Vulpiano Cavalcanti (1911-1988), esse sim
Comunista com C maisculo, e o educador
Moacyr de Ges (1930-2009).
No
segundo ttulo, publicado em 2008,
Macedo conta a histria do Clambom
(Clube dos Amantes da Boa Msica),
grupo que ajudou a fundar em 1992 com o
radialista Luiz Cordeiro na casa da cantora
Glorinha Oliveira. Entre o segundo e este
terceiro livro, Nelson Patriota lanou
a biografia “No outono da memria
– O jornalista Ubirajara Macedo conta
a histria da sua vida” (2009).
Ubirajara
Macedo morou por cinco anos em So
Paulo, aps ser liberado pelos Militares.
Na capital paulista trabalhou como secretrio
da presidncia dos Correios. Como
jornalista atuou em rdios, na Folha
de So Paulo e na Editora Abril.
Em Natal, trabalhou algum tempo nesta TRIBUNA
DO NORTE e fincou bandeira no extinto Dirio
de Natal. Fez parte da primeira gesto
do Sindicato dos Jornalistas, como vice
na chapa de Arlindo Freire.
Coleo
Roberto Monte, um dos coordenadores do Centro
de Direito Humanos e Memria Popular,
que vem levantando informaes
sobre os chamados Anos de Chumbo, vem trabalhando
na coleo Memria
das Lutas Populares do RN. Monte contou
que suas pesquisas levantaram 400 nomes
de potiguares reprimidos no perodo
da ditadura Militar, e que 17 deles ganharam
destaque na coleo, como
Ubirajara Macedo, Glnio S,
Juliano Siqueira, Mery Medeiros e Dermi
Azevedo. “Temos depoimentos gravados
desde 1989, muito material indito,
e este DVD-Rom (udio, vdeo,
fotos e textos) traz documentos importantes
da vida de cada um desses personagens”.
O depoimento de Macedo foi gravado h
quatro anos.
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