SEMINRIO
DA METODOLOGIA
PRAIA,
6 E 7 DE JUNHO
ASSEMBLEIA NACIONAL 72k5i
Senhoras e Senhores,
com muita honra e grande alegria
que fao uso da palavra nesta cerimonia de
abertura do Seminrio Nacional da Metodologia
para a elaborao do Plano Nacional de Aco
para os Direitos Humanos.
Seja-me
permitido em primeiro lugar cumprimentar o
Governo de Cabo Verde na pessoa da Sra. Ministra da Justia e istrao Interna que desde
o primeiro momento abraou com grande entusiasmo
e profundo empenhamento o projecto de reforar
a vertente Direitos Humanos da Governao
do Pas, seja do ponto de vista legal, com
a promulgao
do decreto lei n. 19/2001 que criou e deu
contedo ao Comit Nacional dos Direitos Humanos,
seja do ponto de vista institucional com a
instituio do prprio comit, a que preside.
Com uma viso e actuao extremamente
abrangente pois abarca
no s o Comit Nacional dos
Direitos Humanos como varias outras
instituio pblicas com vocao prioritria
na rea dos Direitos Humanos com especial
destaque para o Instituto Cabo-verdiano de
Menores e toda a problemtica da criana em
situao de risco, sobretudo a sorte da criana
de e na rua.
Tambm gostaria de cumprimentar
especialmente o Sr.
Representante Residente do PNUD em Cabo Verde
e Coordenador do Sistema das Naes Unidos
no nosso pas, pelo cometimento muito particular que tem demonstrado
para as questes absolutamente prioritrias
de promoo dos direitos humanos indo, eu
diria, desde a luta contra a pobreza que mais
so que a promoo dos direitos econmicos
e sociais, aos direitos de participao e
de proteco das crianas e adolescentes ando
pelos direitos das mulheres e de outras categorias
particularmente desfavorecidas.
Sentimento que se revelou de forma
particularmente expressiva na do
acordo de financiamento para a elaborao
do Plano Nacional de Aco para os Direitos
Humanos, iniciativa
que ora nos rene, e que constitui o culminar
de um processo de parceria extremamente frutuoso
iniciado j em 1998.
No posso alias deixar de dizer,
aqui e agora, que considero muito positivo
o facto de a promoo dos direitos humanos
ocuparem lugar de destaque nas
programas de cooperao entre o Sistema
das Naes Unidas e Cabo Verde.
Gostaria ainda de saudar a presena
entre ns de um Consultor Internacional em
matria de direitos humanos o Dr. Paulo Mesquita
Neto, que com os seus conhecimentos especficos
ir com certeza ajudar-nos a
melhor nos apetrecharmos para
nos lanarmos nesta tarefa pioneira que ser a elaborao do 1 Plano Nacional
de Aco dos Direitos Humanos de Cabo Verde.
O
Dr. Paulo Mesquita Neto, pesquisador snior,
do ncleo de estudos de violncia do Universidade de So Paulo, brasileiro, com todos os afinidades
culturais e idiossincrticas que esse factor
j de si encerra, ser sem duvida um interlocutor
fcil na medida em que sendo tambm falante
do portugus, a lngua comum ir com certeza
facilitar os debates.
No se trata da primeira vez que
o Dr. Paulo vem a ao nosso
pais, pois j em 1999 ele tinha tomado
parte da misso da avaliao da situao dos
direitos humanos em Cabo Verde organizado
pelo Alto Comissariado das Naes Unidas para
os Direitos Humanos e pelo programa das Naes
Unidas para o Desenvolvimento em Cabo Verde
no quadro do programa Hurist.
Ele foi alias o autor do relatrio
do trabalho realizado por essa misso tendo
produzido o documento intitulado Cabo Verde
Relatrio sobre os direitos humanos que
j foi distribudo aos membros do CNDH e constitui
um documento basilar para o conhecimento das
situaes dos direitos humanos em Cabo Verde
e sobretudo para
a actuao sobre essa realidade.
Finalmente, last but not least,
gostaria de saudar todos e cada um dos participantes
deste seminrio, militantes e activistas dos
direitos humanos, membros das associaes
dos sociedade civil, das organizaes no governamentais, das
confisses religiosas e representantes dos
departamentos governamentais, na certeza de
que o respeito e a promoo dos direitos humanos.
na nossa terra est
essencialmente nas nossas mos.
S da nossa capacidade / vontade
de observao, vigilncia, reivindicao e
luta pelos direitos dos mais necessitados
que depende o nvel de observncia interna
destes mesmos direitos por parte dos poderes
pblicos e no s.
H pois
que estar atento e vigilantes e cada vez mais
preparados para que o conhecimento, a promoo
e o respeito dos direitos humanos seja cada
vez mais disseminado e o exerccio da cidadania
no se esgote na pura forma e tenha cada vez
mais real contedo e alcance.
Senhoras e Senhores,
Como todos sabem o Comit Nacional
dos Direitos Humanos foi criado no ano transacto
pelo D. L. 19/2001 de 24 de Setembro, no seguimento
de uma das recomendaes formulados pelo programa
Hurist j referido.
Trata-se de uma Comit com duplo
mandato pois que
tem competncia em matria de Direitos Humanos
e do Direito Internacional Humanitrio.
Na vertente direitos humanos, que
a que agora
prende a nossa ateno, compete ao
Comit, alm de definir a estratgia e garantir
a elaborao do Plano Nacional da Aco e
uma vez este aprovado garantir a sua implementao
e avaliao, compete-lhe tambm promover a
proteco e difuso dos direitos humanos,
preparar e apresentar os relatrios iniciais
e peridicos sobre a implementao dos instrumentos
jurdicos internacionais dos direitos humanos
e do direitos internacional humanitrio de que Cabo Verde parte
e o mais que lhe foi cometido por lei ou pelo
seu Presidente. O comit comeou por integrar
24 membros oriundos em igual nmero da sociedade
civil e dos departamentos governamentais
mas o prprio comit j em funcionamento
decidiu propor o alargamento dos seus membros
a representantes da luta contra a pobreza,
das foras armadas e da policia de ordem publica,
proposta essa bem aceite pela Presidente e
em curso de institucionalizao.
Na realidade qual o trabalho
do Comit o que o mesmo que perguntar
qual a situao dos direitos humanos
em Cabo Verde?
Sumariamente eu poderia responder
dizendo que em Cabo Verde os direitos humanos
so geralmente respeitados, sobretudo na vertente
dos direitos civis e polticos sendo mais
claudicante o respeito pelos direitos econmicos
e sociais.
Esta uma afirmao que j se
tomou um lugar comum, lugar comum esse que
corroborado pela quase total ausncia de violaes apontados a C. V. na grande maioria
dos relatrios sobre observncia dos direitos
humanos que periodicamente as mais variadas
instituies produzem.
Um confortvel terceiro lugar em
frica, em matria de ndice de desenvolvimento
humano e um lugar a meio da tabela (93) em
relao a globalidade
dos pases (197) que compem o sistema das
Naes Unidas, tambm nos poderia levar a
cruzar os braos.
Mas esta seria uma atitude que
eu convidaria todos a rejeitar liminarmente
pois as evidncias com as quais trabalhamos
interpelam-nos de forma insistente e incontornvel
obrigando-nos a adoptar outra atitude.
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Enquanto haver 30% de cabo-verdianos a
viverem na pobreza dos quais 14% em extrema
pobreza h que lutar para que sobretudo os direitos econmicos e sociais destas pessoas
sejam repostos e os direitos ao trabalho,
sade, habitao, educao estejam efectivamente
ao alcance de todos.
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Enquanto haver uma criana
privado do direito ao nome, ao lar,
a crescer e a desenvolver-se integralmente,
uma criana em situao de risco, na rua ou
da rua, na delinquncia, na prostituio ou
na droga, h que lutar pois os direitos desta
crianas esto a ser violadas.
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Enquanto haver uma mulher batida, maltratada,
humilhada, h que lutar
pois so os direitos iguais de uma
cidad que esto a ser violadas.
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Enquanto haver um deficiente, um idoso,
sem direito ao conforto, ao lazer, h que
lutar par que a vida seja digna e boa para
todos
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Enquanto haver um acto de discriminao,
um acto de censura, um abuso de poder, um
desconhecimento dos direitos, h que intervir,
h que agir.
Mas mais !
A nossa tranquilidade no se esgota
apenas em arrumarmos a nossa
casa. Somos um povo solidrio, fraternal e vivemos em sintonia com todos
os povo da terra, particularmente daqueles
que nos esto mais prximos ou a que nos ligam
especiais laos de afecto e de cultura.
Os males que queremos ver erradicados
da nossa terra tambm os queremos ver erradicados
da humanidade.
Para isso recebemos e estendemos
o abrao solidrio dos e para os outros.
H dias regozijei-me com um projecto
de instalao no nosso pas de um centro de
formao em gnero destinado aos pases africanos
de lngua oficial sa, portuguesa e espanhola.
Se o projecto for avante-e espero que ir isto
quer dizer que estamos a preocupar-nos com
a problemtica do gnero no s a nvel interno
como tambm junto aos nossos vizinhos e acho
que isto extremamente importante e motivador.
Quero com isso dizer que h muitos
domnios em que podemos agir, h muitos domnios
em que podemos melhorar a nossa aco, h
muitos violaes
a serem prevenidas e h muitas violaes a
serem combatidas.
O que pretendemos que o Plano
Nacional de Aco a ser elaborado nos possa
ajudar na nossa actuao e sobretudo que ele se converta tambm num instrumento de peso
na luta contra a pobreza e contra os arbtrios
de qualquer poder.
Como algum j disse e muito bem, a condio primordial para uma possvel soluo
da problemtica dos direitos e do seu futuro
reside na reduo das desigualdades entre
os homens e entre os povos. As sociedades
pobres no podem alcanar uma relao poltica
de acordo com o qual a pessoa lida com o poder
de igual para igual. com o termo da misria
e do medo que tudo comea. O resto vir ao
encontro da pessoa desembaraa das limitaes
resultantes da pobreza e das imposies do
poder e livre, finalmente, para atingir a
plenitude e a integridade dos seus direitos
irredutveis.
Esta a esperana que queremos
compartilhar.
Obrigado.
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