Potiguariana
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Experincias
de Educao Popular
De P no Cho Tambm
se Aprende a Ler
Memria Histrica
Potiguar 54559
Prefeito
Djalma Maranho, 40 anos de saudades
(2011 – 2014)
Roberto
Monte*
De
P no Cho | 40
Horas de Angicos | Movimento
de Natal |
CEBs no ES | Potiguariana
Prefeito
Djalma Maranho, 40 anos de saudades
(2011 – 2014)
No dia 30 de julho de 1971, h exatos
40 anos, na Avenida 18 de Julio, em Montevidu,
encontrado morto em sua cama o
prefeito Djalma Maranho, exilado
no Uruguai, aos 55 anos de idade.
A empleada(empregada) Elba entra em contato
com o escritrio de Djalma, na poca
na Plaza Independencia. Carlos Sousa e esposa
so os primeiros a chegarem no local
e entram em contato como ex-ministro da
Justia Amaury Silva, que faz as
comunicaes e os encaminhamentos
de praxe logo aps.
A causa mortis, segundo certificado assinado
pelo Dr. Hugo Pombo aponta insuficincia
cardaca.
Segundo Darcy Ribeiro e Moacyr de Ges,
o que o nosso Djalma realmente morreu foi
de saudade, de banzo...
Dentro de seu caixo que chega a
Natal, vem um livro fnebre, onde
constam s de inmeros exilados
brasileiros como o Presidente Joo
Goulart e sua esposa Maria Teresa, Leonel
Brizola e esposa Neusa, Amaury Silva, Neiva
Moreira,Antnio Terra, Joselito Padilha,
Carlos e Dirce Mars, Nlida
Pinn.
Logo no incio do livro, um exilado
de nome Milton Caldeira deixa a seguinte
mensagem:
“Uns morrem em combate direto com
o inimigo, outros, por contingncia
da prpria luta, perecem longe do
campo de batalha. Daqueles, muitos j
tombaram assassinados pelos algozes dos
povos.
Por fora da prpria luta,
convivi com um destes: meu querido e inesquecvel
Maranho, o velho novo companheiro,
indmito e fraterno, ansioso de voltar
uma pea em que foi ator:
emancipao da gente humilde
de seu querido Nordeste e de toda a Amrica.
Como humilde ator desta mesma pea,
deixo gravado aqui estas palavras, como
testemunho de sua vida solidria
e de sua vontade de voltar cena.”
Um detalhe ou-me seu filho Marcos Maranho:
Logo abaixo do expressivo texto o presidente
Goulart assina, endossando to fortes
palavras.
Em Natal so includas inmeras
s de tantos que foram homenage-lo
e h um outro texto no livro, com
a seguinte mensagem:
“Nunca pediu clemncia, dava
bandeiras e ava de mo e mo
o ensanguentado corao do
povo brasileiro”, assina Jacy Pereira.
No ano de 2011, alm de celebrarmos
os 40 anos de morte do nosso querido companheiro,
comemorado tambm os 50
anos da Campanha de P no Cho
Tambm se Aprende a Ler.
Ns humanistas e defensores da Memria
Histrica Potiguar no poderamos
deixar ar em branco tais datas e para
tanto, estamos lanando hoje um portal
em homenagem a Djalma, Moacyr, Luiz Gonzaga,Mailde,
Luiz Ignacio, Margarida, Hlio, Omar
e a tantos e tantas professorinhas, alunos
e alunas de P no Cho e todos
aqueles que participaram desse momento histrico,
atravs do endereo eletrnico
dhnet-br.diariodetocantins.com/educar/penochao/
Nos ltimos 30 anos reunimos um vasto
material acerca de Djalma e sua obra e eis
que chegado o momento para socializarmos
tudo isso, preservar o nosso Direito a Memria
e Verdade, no acham?
Que tal ouvir a voz de Djalma no dia 21
de dezembro de 1963, quando na Praa
Gentil Ferreira, com o Presidente Goulart
fala ao povo de Natal na Cadeia da Legalidade,da
Rdio Mayrink Veiga?
Hei,
algum a ainda lembra o Hino
da Campanha de P no Cho
e outras msicas relacionadas a Djalma?
Uma palhinha do Hino, feito por Dosinho:
Povo pobre, natalense
Chegou
a vez para quem quer aprender
Como
sofre o ser humano
Quando
no sabe o seu nome escrever
A
prefeitura abre a campanha
Para
ajuda do ensino e do saber
Pela
meta do Prefeito Maranho,
De
p no cho, tambm
se aprende a ler
Voc tambm encontrar
vasto material sobre a Campanha de P
no Cho, livros, textos e reflexes,
udios, vdeos e imagens,
suas cartas do exlio, alm
de conhecer os participantes da campanha
e da intrpida trupe de Djalma.
Lanado o portal, a idia
fazermos logo a seguir um DVD Multimdia
para distribuirmos com o nosso povo, com
professore(a)s, aluno(a)s, bibliotecas,
sindicatos,comunidades, bem no estilo De
P no Cho...
Para finalizar, vamos citar o texto do poeta
Roberto Lima, que nos fala desse homem que
temos orgulho de ter sido o melhor e maior
prefeito de nossa cidade Natal, Ode ao Prefeito
Maranho:
Foi um dia triste aquele:
O Prefeito Maranho
Teve que deixar a terra
Que ele amou de corao
Teve que deixar seu povo
Que aprendeu de p no cho...
O poder tomado fora
Se chamou revoluo:
Quem pensava diferente
Foi para noutra nao,
E o prefeito dessa gente
Foi morar noutro rinco.
Refro:
Calou-se Congo e Chegana,
Toda a arte popular,
So Jos no deu licena
Para o Pastoril danar,
No danou o Boi Calemba,
Bambel no quis tocar...
Duas vezes foi prefeito
De Natal, cidade amada,
Onde a arte do seu povo
Era, ento, valorizada,
E sonhou com sua gente
Toda alfabetizada.
Ele foi preso e cassado.
Sua vida exilada,
Foi viver longe da Ptria,
To querida, idolatrada,
Sem as dunas, sem as praias
Da cidade ensolarada.
Refro Bis
Por
aqui era lembrado
Pelo que de bom havia.
Retornar a sua terra
Era tudo que queria,
Mas morreu triste exilado
Em Montevidu, um dia.
Foi um dia triste aquele
Da chegada ao seu torro
Pra dormir seu sono eterno
Na ternura do seu cho,
E este povo nunca esquece
O Prefeito Maranho...
Quem pensar que Djalma Maranho e
sua obra morreram, esto mais que
enganados, DJALMA MARANHO VIVE E
VIVER SEMPRE NA ALMA DO NOSSO POVO
* Roberto
Monte Coordenador do Centro de
Direitos Humanos e Memria Popular
e pesquisador da vida e obra de Djalma Maranho
[email protected]
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