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A Realidade da Pena de Morte
A violncia
poltica
Os
atentados com explosivos, seqestros, assassinatos de funcionrios pblicos,
sabotagem em avies e outros atos de violncia devido a razo polticas,
com freqncia tm como resultado a morte e a mutilao no s das
pessoas-alvo, como tambm de outras que ocasionalmente se encontrem no local
do ataque. incompreensvel, assim, que esses atos provoquem uma forte reao
da sociedade e tenham como resultado a exigncia da aplicao da pena de
morte aos terroristas. Entretanto, como os responsveis pela luta contra
esses delitos tm repetido vrias vezes, as execues tm tanta
possibilidade de diminuir como de aumentar o terrorismo.
Como
observou um catedrtico de criminologia canadense, os
que pensam realmente que o estabelecimento da pena de morte por fim ou
reduzir o nmero de atos terroristas so extremamente ingnuos. Os
castigos normais, incluindo a pena capital, no impressionam os terroristas
ou a outros delinqentes polticos, que agem por motivao ideolgica e
esto propensos a fazer sacrifcios em prol de sua causa (...) Alm disso,
as atividades terroristas esto cheias de perigos, e o terrorista corre todo
tipo de riscos mortais sem ficar intimidado com a perspectiva da morte
imediata. Pode-se conceber, desta forma, que v ser dissuadido pelo risco
escasso e remoto de ser condenado morte?.
As
execues por crimes polticos violentos podem redundar em uma maior
publicidade para os atos de terrorismo, atraindo uma grande ateno da opinio
pblica para as idias dos terroristas. Essas execues tambm podem
criar mrtires, cuja memria se torne um
fator de coeso dos militantes das organizaes clandestinas. Para alguns
homens e mulheres convencidos da legitimidade dos seus atos, a perspectiva
de sofrer a pena de morte pode at servir como incentivo. Longe de pr
fim violncia, as execues so utilizadas como justificativa para
novos atos de violncia. Exemplo: as autoridades britnicas que governavam a
Palestina enforcaram vrios membros da organizao sionista Irgun
durante a dcada de 40, depois de condenados por atentados a dinamite ou por
outros atos de violncia. Menahem begin, antigo dirigente do Irgun e
mais tarde primeiro-ministro de Israel, disse posteriormente que as execues
haviam inflamado seu grupo, que em represlia enforcou vrios soldados
ingleses. Menahem Begin afirmou que o enforcamento dos seus companheiros resultou
na adeso de novos membros para a causa e nos tornaram mais eficazes e
dedicados (...) Vocs (britnicos)
no estavam condenando morte nossos terroristas; estavam condenando a
muitos de sua prpria gente, e ns que decidamos a quantos.
A opinio pblica
4q1o1b
Uma
razo que por vezes dada para manter ou implantar a pena de morte
citada inclusive por governantes que dizem ser pessoalmente contra a pena
capital que a opinio pblica a exige. Mostram pesquisas que
aparentemente comprovam um forte apoio popular pena de morte para alegar
que seria inclusive antidemocrtico aboli-la ou deixar de institu-la.
A
primeira resposta a este argumento que o respeito pelos direitos humanos
nunca deve depender da opinio pblica. A tortura no seria issvel
mesmo que tivesse apoio da opinio pblica.
Em
segundo lugar, a opinio pblica sobre a pena de morte a mido se baseia
numa compreenso incompleta dos elementos a ela pertinentes, e o resultado
das enquetes pode variar conforme a maneira pela qual as perguntas so
feitas. Incumbe aos polticos que tratam do tema no somente escutar a opinio
pblica, mas tambm assegurar-se de que ela est inteiramente informada.
Algumas
investigaes sugerem que o posicionamento das pessoas em relao pena
de morte pode mudar radicalmente depois de terem um melhor conhecimento dos
fatos. Num estudo realizado entre habitantes de uma cidade universitria, nos
Estados Unidos, se comprovou que a maioria deles pouco sabia sobre os efeitos
da pena de morte, e que o apoio ao castigo diminuiu acentuadamente aps as
pessoas terem se defrontado com as informaes. A alguns dos entrevistas,
pedissem que lessem um ensaio que trazia dados e argumentos sobre os efeitos
da pena de morte. Antes de l-lo, 51% das pessoas disseram que eram a favor
da pena capital, enquanto que 29% estavam contra e 20% mostraram-se indecisos.
Depois de ler a obra, o apoio pena de morte baixou para 39%, a oposio
subiu para 42% e os demais 20% permaneceram indecisos. A outros membros do
grupo pesquisado, pediu-se que lessem um ensaio sobre assunto no relacionado
com a pena capital; constatou-se que nesse agrupamento as opinies acerca da
pena de morte praticamente no mudaram.
Algumas
pesquisas repetidas ao longo dos anos tm indicado que, apesar da deciso de
abolir a pena de morte ser inicialmente contrria opinio pblica, sua
revogao bem aceita com o ar do tempo. Na Repblica Federal da
Alemanha, por exemplo, o apoio da populao pena capital tem diminudo
constantemente desde a sua abolio. Em 1950, um ano depois da abolio,
55% das pessoas consultadas disseram que eram a favor da pena de morte e
unicamente 30% defenderam o castigo. A percetagem baixou para 26% em 1980,
para 24% em 1983 e para 22% em 1986, ano em que 55% dos entrevistados se
pronunciaram contra a pena de morte. Em 36 anos, uma completa inverso dos
resultados obtidos anteriormente.
O custo econmico
5u1a6n
Por vezes se tenta
justificar a pena de morte dizendo-se simplesmente que mais barato matar
alguns presos que mant-los na priso. Tal argumento, alm de torpe, por
entender avaliar a vida em moedas (no se pode perder de vista a grosseria e
a falta de tica em fundamentar sobre bases financeiras a eliminao de
vidas humanas), falsa.
Estudos
realizados no Canad e nos Estados Unidos mostram que nesses pases a imposio
da pena de morte mais cara para os Estados do que a recluso perptua do
preso. Um levantamento realizado no estado de Nova Iorque comprovou que, em mdia,
um processo que possa redundar na aplicao da pena capital, somente na sua
primeira fase custa aos contribuintes aproximadamente um milho e oitocentos
mil dlares. Mais do que o dobro da quantia que se supe necessria para se
sustentar uma pessoa aprisionada por toda a vida. No por outro motivo os
deputados de Kansas resolveram abolir a pena de morte naquele estado
norte-americano.
Inmeros
profissionais ligados rea jurdica, em todo o mundo, tambm se opem
pena de morte porque acreditam que a enorme concentrao de recursos
humanos e financeiros, em uma quantidade de casos relativamente pequenas,
desvia tais recursos valiosos de outros setores do judicirio.
Por
outro lado, em se tratando de Brasil, quem possuir um mnimo de compromisso
com a verdade itir prontamente que nossas prises, longe de parecerem
hotis, como propalam alguns, so verdadeiros infernos, centros de
ensinamento de delinqncia, s voltas com graves problemas de superlotao,
de assistncia mdica e psicolgica, de alimentao, de reeducao,
etc., todos rarssimas vezes enfrentados pelos governos. Uma possvel
alternativa para minor-los, seria proporcionar trabalho decente aos
detentos, nas prprias penitencirias, a fim de que eles pudessem se
auto-sustentar.
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