Educando
para a Cidadania
Os
Direitos Humanos no Currculo Escolar 335o2l

ENTENDIMENTO
INTRODUTRIO FILOSOFIA
A maioria das pessoas cerram o cenho, com
ar de estranheza, quando se fala em filosofia.
Essa estranheza expressa um misto de
curiosidade e temor. Afastada dos currculos escolares, a filosofia
guardou, no inconsciente da coletividade, um referencial muito prprio:
uma sabedoria que somente gnios entendem e estudam de maneira
enclausurada, sem o aos comuns mortais. Esta vinculao da
filosofia a uma superioridade intelectual de alguns gnios da
humanidade est presente na forma como tantos professores
apresentam-na: acadmica, rida e pura. Ela, na verdade, mais
doutrina de iniciados do que forma de conduzir algum a pensar. H
satisfao em no ser compreendido, em decepcionar irremediavelmente
o iniciante. Assim se mantm o estigma dos tantos que no pensam
e dos poucos pensantes. As falhas metodolgicas de abordagem no
so consideradas. Estes professores, na verdade, temem a
popularizao do pensar.
Os imortais da filosofia certamente tiveram
dificuldades em entend-las, mas, com esforo,
desenvolveram maior percepo, e sua continuidade
permitiu desenvolv-la e reinscrev-las na histria.
importante salientar que no existe
uma filosofia, mas filosofias. A histria demonstra lutas entre elas,
onde os filsofos aparecem como grandes estrategistas de idias.
O temor que acompanha as pessoas
desinformadas sobre o papel da filosofia na sociedade no de todo
infundado. A ausncia da filosofia deve-se a razes bastante graves.
Seria interessante investigar com alunos e discutir sua constncia nos
cursos, a sua suspenso no ado ou a sua presena incua.
Lembremos que houve um perodo de efervescncia estudantil em que as
escolas de 2 grau ministravam esta disciplina com eficcia junto aos
alunos.
A filosofia patrocina o exerccio da
liberdade, principalmente como forma de expresso. A histria
informa-nos de perodos de brilhantismo no desenvolvimento do
pensamento e mostra, igualmente, perodos de censura, represso e
eliminao por propor constantemente o entendimento global, isto ,
tudo tem a ver com o todo. As relaes existentes, nem sempre
explcitas e bvias, tero de ser detectadas pela inteligncia, j
que no podero ser percebidas pelos sentidos. O desenvolvimento desta
capacidade abstrata possibilita analisar os critrios estabelecidos,
questionando-os quanto a sua validade, sua verdade, sua justia, etc...
A capacidade de raciocinar, relacionando
constantemente idias e realidade, permitir uma
leitura nova desta mesma realidade, dos fenmenos
que a compe, dos fatos histricos e acontecimentos,
bem mais consistente quanto ao valor ou sentido
que eles encerram, e isto motivar o estudante,
que perceber uma qualidade nova no conhecimento.
A medida em que os temas a serem
estudados forem ou apresentarem-se complexos como, por exemplo, a
convivncia social em uma sociedade caracterizada pelas desigualdades,
ou o mrito da fora e da conquista individual como
modelares, torna-se infrutfero outro caminho, que no a filosofia,
para ponderar possibilidades de formas de pensamento concreto,
visualizando e elegendo o futuro preventivamente.
Roberto Gomes, em Crtica da Razo Tupiniquim,
define filosofia como enxergar um palmo diante do nariz. Esta
definio conduz o indivduo ao exame criterioso do seu meio, dos
fatores que o influenciam, que pressionam, e das medidas a serem
tomadas. Assim, a vida no ser mais uma caixa de surpresas, pois a
pessoa habilita-se a pensar de modo geral e no somente conforme as
suas circunstncias, a sua vida isolada e os seus interesses, tantas
vezes mesquinhos.
A filosofia, como qualquer outra forma de
expresso humana, sofreu, ao longo da histria, desgastes, no por
ser filosofia, mas por ser filosofia o que amparava um conjunto de
normas dominantes, sociais, culturais, polticas e mesmo econmicas
(como no caso da burguesia como classe dominante). A filosofia, assim,
ir refletir a estrutura geral do pensamento.
Conhecer o presente necessita uma avaliao
de seu processo gerador. No bastam suas caractersticas,
mas do que ele resultou. O conhecimento da realidade
no poder ser desintegrado ou superposto aos
fatos. Ter que ser concebido, ao contrrio, como
sistema integrado, com relaes simples e complexas
e com contradies. Sobre isto trataremos adiante.
PROPOSTA DE ENFOQUE PARA MINISTRAR A
DISCIPLINA DE FILOSOFIA
Freqentemente ocorre a indagao: o
que mesmo filosofia? A resposta imediata no relevante. Na
realidade, as respostas a essa indagao so vrias, bastante
diferenciadas, segundo o sistema filosfico adotado. Seria vlida a
tarefa de investigar uma coletnea com diferentes definies e
questionar a que se devem tais diferenciaes.
Quando o professor experiente, frente
a alunos tendo o primeiro contato efetivo com filosofia, proponho uma
melhor soluo protelar por algum tempo a mera resposta e filosofar
com alguns exemplos significativos, como comparando textos de Thomas
Hobbes e Rousseau, um texto metafsico que caracterize o homem, o
Dilogo de Jpiter e Orestes, de Jean Paul Sartre, a concepo de
sociedade e homem em Augusto Comte e Karl Marx, etc...
Segundo Thomas Hobbes, O homem o
lobo do homem. Mau por natureza, o homem somente se submete a
padres de convivncia social por temor a castigos impostos pelos
dirigentes. Reprimir o papel do Estado, do governante que exerce as
funes da organizao e da ordem pblicas. A continuao desta
idia poder ser melhor averiguada na sua obra, O Leviat. Importante registrar
que esta filosofia evoluiu com outros pensadores e ou a ser aplicada
amplamente em pases do terceiro mundo.
Oferecendo outro exemplo para contrapor
e permitir ao estudante nefito perceber a diferena
da cont?????E???????I)radio, poderamos citar
J. J. Rousseau, quando diz: O homem bom por
natureza e pervertido pela sociedade. Nasce com
ndole boa, sem preconceitos, solidrio. Recomendo
observar o comportamento das crianas ainda no
afetadas, ou impregnadas pelos preconceitos dos
seus pais ou do meio social onde vivem. Aqui a
perversidade adquirida. Seria interessante um
exame sobre a evoluo da nossa cultura, o processo
de colonizao, independncia e outros fatos histricos
importantes impregnados de ideologia oficial,
uma espcie de vulgarizao filosfica, popularizao
da filosofia alienada que impede o desenvolvimento
de uma nova cultura. importante que a filosofia,
como superao das paixes ou da resignao, torne-se
um convite reflexo, desencadeando as foras
racionais, para que um nmero cada vez maior de
pessoas participe na construo da verdade e na
correo das diversas formas de ler a histria,
segundo leituras oficiais, que podem ser observadas
desde a arte cincia, nas suas vrias formas,
disciplinas ou expresses. Por que as disciplinas
cientficas so melhores aquinhoadas em carga
horria, recursos materiais, nmero de profissionais,
e distanciadas da nossa? A religio, por exemplo,
na forma como alcana o povo e o que faz com ele
ou por ele, e assim por diante, est carregada
de filosofia. Pode, por exemplo, haver todo um
vocabulrio que convide, induza ao conformismo,
ao fatalismo, resignao das aes dos dolos.
De outro lado, podemos salientar as intuies
que emergem constantemente e no ficam conscientizadas
pelos indivduos. As populaes sentem o desconforto
com o discurso retrico, repetitivo, desgastado
na sua ineficincia. Os meios formadores de opinio
nos bombardeiam com suas inovaes tcnicas, embotando
sempre mais a possibilidade do despertar da nao.
O povo condicionado a reagir mecanicamente,
desprovido do direito ao saber, do direito a formar
uma conscincia autnoma e competente para interpretar
os acontecimentos, para assumir posies coerentes
com a sua situao, com sua trajetria histrica,
respondendo com aes construtivas na construo
do que lhe foi sonegado.
Resta o desafio, profundamente humano,
que brota sempre mais vigoroso atravs dos sculos, despertando e
inquietando os que se acham adormecidos.
Pensar exercer a racionalidade. H
que saber pensar. H que saber ensinar nesse desafio inquietante em que
o ser humano cresce, onde a conscincia individual s tem sentido
porque contribui para que os outros igualmente se promovam. Os
desenvolvimentos no desprezam a filosofia. Suas instituies
preparam, zelam pela formao do conhecimento e da conscincia dos
seus cidados.
No terceiro mundo diferente. s
vezes, partimos do zero. Tudo est imposto. Outras vezes, encontramos
boa vontade e devemos alargar o o.
Quando a situao mais favorvel,
em que o professor, os alunos e a instituio possuem, alm da
disposio, alguns recursos na rea, indicaria a seleo de textos
e autores, para trabalh-los examinando o contexto onde foram
produzidos e a soluo que indicaram e avali-los no seu progresso
histrico, enquanto viso de mundo. Examinar, enfim, diferentes
conceitos sobre sociedade.
Algumas sugestes para trabalho:
Formar trs grupos para este estudo e,
posteriormente, colocar em debate.
1 grupo entendimento liberal de
sociedade.
2 grupo entendimento positivista de
sociedade.
3 grupo entendimento marxista de
sociedade.
Neste debate avalia-se a distinta viso
de mundo de cada filosofia e a competncia (desempenho) de cada
participante individualmente.
Esta iniciativa de trabalho levar
discusso de outras categorias, como o entendimento de:
-
Estado e organizao poltica;
-
Direitos do cidado;
-
Justia;
-
Liberdade;
-
Organizao econmica;
-
Organizao social;
-
Educao e toda produo cultural e cientfica;
-
Diviso social do trabalho;
-
Justia social, etc.
Ao cabo do debate, a turma ter bem
claro (se bem conduzido) trs sistemas, as bases de suas divergncias
e a leitura cotidiana destas ideologias nas aes concretas do meio,
principalmente nos meios de comunicao e educao.
Recomendamos, como leitura de consulta,
obras dos autores clssicos destes sistemas ou de autores qualificados
e identificados com a respectiva linha de pensamento, altura da
compreenso dos alunos. para os iniciantes, a leitura do fascculo da
coleo Pensadores tem se
mostrado bom material inicial.
Aps este estudo, estaramos em boas
condies para um trabalho crtico, que revisaria os conceitos
anteriores estudados. Aqui, recomendamos ler e debater O Existencialismo um Humanismo, de Jean Paul Sartre. Esta leitura
e discusso dever levar em conta, permanentemente, a realidade
Ibero-americana.
O referido trabalho j foi testado com
jovens ao final do nvel mdio de ensino.
Saber que o pensamento um produto do
meio, e que deve super-lo, significa saber em que situao se encontra
o momento presente. No estaramos em crise exatamente
porque o pensamento que oferece e s estruturas
e aes se encontra em sua forma mais anacrnica?
Qual a satisfao das pessoas, enquanto seres
sociais que geram os recursos e constrem os equipamentos
como instrumentos necessrios vida em uma sociedade?
Afinal, a satisfao no conta como indicadora
do caminho que trilhamos? Quando ela desaparece
os horizontes se fecham, e a frustrao paira
sob a forma de objetivao das pessoas, as formas
de ar e reagir so diversas. As conscincias
mais independentes manifestar-se-o bradando com
equilbrio, com firmeza, com sabedoria, abrindo
caminhos precursores.
Figuras histricas ilustres, veneradas
nos dias atuais, foram malditas em sua poca. Foram perseguidas e
caladas. Ante a fora do argumento, ope-se fora da fora.
O estudo da filosofia revisa as formas de
conhecimentos, as metodologias, a contribuio que se desenvolve na
interdisciplinaridade e na superao dos domnios estabelecidos
e sustentados por autoritarismos disfarados em cargos ou nus
da funo. H que se superar o especialista e o generalista. O
conhecimento embasado dever ser revisto atravs de uma crtica
aberta, competente e inteligente, pois a liberdade que est sendo
decidida importa a todos. Por que alguns povos de desenvolvem e, na
mesma medida, outros empobrecem? O que a histria tem ensinado a este respeito? O que a histria tem esclarecido,
especialmente no que nos toca como Ibero-americanos?
UMA REFLEXO SOBRE O DESTINO DO HOMEM
Abrir uma discusso sobre Direitos do Homem
implica em no incorrer em erros iniciais, alis
muito comum em nosso meio, que discutir aes
praticadas por indivduos, ainda que com ndice
de freqncia, como justificadoras de aes corretivas
por parte de uma suposta defesa social, ou defesa
de ordem, ou qualquer outra expresso equivalente
a justificar o poder ou as expresses correlatas
do poder institudo. Ex.: a adoo da pena de
morte, a partir dos crimes chamados hediondos.
A autoridade, ou os que se autorizam
arbitrariamente a aes violentas, entendem legtimo que suas aes
e intervenes condicionem, controlem e mesmo eliminem toda ao e
sus autores margem do modelo oficial vigente.
Necessitamos aqui examinar detalhadamente
algumas questes bsicas que estariam ficando para trs.
Quando uma ao violenta?
Culturalmente, estamos inclinados a violncia fsica,
indiscutivelmente uma violncia abominvel e brbara, mas que
apenas uma forma de atingir e controlar o outro. Quantas outras formas
usuais identificveis em cada contexto igualmente violam a estrutura
fundamental humana?
As sociedades se desenvolveram em processos
diferenciados, atendendo necessidades histricas
mais ou menos rgidas, conforme a urgncia de
controles culturais e materiais sobre povos, grupos
sociais ou indivduos que reagiram e reagem consciente
ou inconscientemente, manifestando seu desejo
humano e no social a situaes em que sua conscincia
pessoal ou social determine. Quando a realidade
histrica se incompatibiliza com o ser humano,
as inclinaes deste podem tomar rumos opostos,
quer seja na direo intuitiva, liberando a perversidade
e a corrupo, afetando as condies de segurana
ou sobrevivncia dos demais, ou dimenso herica
da resistncia e da reconstruo da sociedade
em outras bases, propiciando a justia e a liberdade,
seu avano histrico, contemplador de uns e outros.
Aqui devemos introduzir outra discusso.
Quais os princpios bsicos, fundamentais em uma organizao social
ampla? Qualquer que seja a ordem scio-econmica e poltica , haver
de propor, cumprir e velar pelo cumprimento de princpios de promoo
humana. Como exemplo, podemos citar a restituio de sua dignidade
aviltada historicamente, tornando sua promoo uma reparao devida,
em que o presente e o futuro recriem o mundo, superando o dio. A
represso e a ausncia de direitos autodeterminao, onde o clima
de respeito mtuo entre indivduos e entre a sociedade e o Estado seja
expresso de anseios humanos profundos, e que ningum seja castigado
por isto.
No exposto, estas relaes so bem
mais complexas que a compreenso superficial possa perceber. Dissertar
sobre os indivduos e as suas organizaes aumenta a complexidade e o
campo de investigao. Quando o objetivo das nossas preocupaes
detm-se nos conflitos existentes e fundamentalmente na forma como so
tratados, faz-se necessrio determinar premissas basilares para ordenar
a anlise e clarear nossas concluses.
A ordem jurdica instituda dever ser
compatvel com o Direito Natural dos indivduos.
Estes no so psicologicamente idnticos e se
encontram sociologicamente diferenciados. As ambies
pelas quais esto empenhados egostas ou altrustas
desenvolvero rotas de coliso. A istrao
destas relaes se dar em uma viso vertical
da realidade ou a horizontalidade e as contradies
estaro contempladas?
Viver ser uma arte. Enquanto isto no
acontece, viver poder estar sendo dramtico para muitos. Os que vivem
errado podero estar sendo punidos de forma errada. Enquanto a
humanidade no superar as violaes aos direitos fundamentais,
necessrio impedi-las.
Quantos tm a oportunidade de exercer a
liberdade na formao do seu pensamento, onde as convices sejam
suas, e no a doutrinao interesseira e sectria imposta por uma
literatura disponvel e muita vezes patrocinadas?
Uma moral conservadora, na boca de um
filsofo antigo, recomenda: os filhos obedeam aos pais, as
mulheres obedeam aos seus maridos e os cidados ao Estado.
Examinando estas relaes isoladamente, entendemos como normais,
funcionais inclusive. Mas no ser a grande teoria da teoria da
obedincia que est em questo? Aqui, por princpio e por
educao, todos obedecem. Todos obedecem a quem? Quem estar na ponta
desta escala?
de inspirar repulsa o procedimento dos
que pensam com independncia. Esta tentativa de paralisar, de
imobilizar, de inutilizar a ao do pensamento emancipador, representa
a reao sustentadora de preconceitos que entravam a evoluo social
no sentido da civilizao, de uma vida melhor, cada vez mais justa,
mais digna e mais humana.
E educao o nico cominho para emancipar
o homem. O desenvolvimento sem educao criao
de riquezas apenas para alguns privilegiados.
A educao no pode restringir-se a treinamentos
ou quantidades de informaes. necessrio repens-la
e faz-la servir vida. Os benefcios materiais
e espirituais gerados pelo desenvolvimento interferem
na conscincia que concedida, muitas vezes
evitando que as benesses desse mesmo progresso
possam ser conscientemente almejadas e reclamadas
por todos.
Paradoxalmente, os caminhos da cidadania
estaro dispersos e perdidos na onda que conduz a educao apenas
como instruo, somando-se com os demais meios de informao
circulante que abundantemente repetem jarges de um patriotismo
ultraado, do consumismo como sinnimo de status social ou possudos
de tecnologia. necessrio que fique clara a atitude do questionar. A
filosofia ensinar que a pergunta nova que tem mais sentido. A
pergunta que surpreende exige resposta nova. A realidade deixar de ser
compartimentada por especialistas que guardam os objetos do conhecimento
nesta diviso formal.
H os que julgam que todos deviam pensar
e agir da mesma forma, comandados por superiores
que pensam diferentemente, agem diferentemente
e vivem diferentemente. A forma indutora de pensar
no vem expressa em letras luminosas. Estar formalizada
em estruturas didticas, esquemas funcionais,
frmulas simplificadas ou simplificadoras que,
nas mos ou na boca de pessoas ingnuas educadas
para treinar, corresponde a toda confiabilidade
que os guardies do sistema dominante requerem.
Assim, nada parece ter implicaes no campo do
conhecimento. Ao contrrio, nos assuntos sociais
ou no campo da autonomia, tudo aparece como implicativo
e a ideologia direciona para a neutralidade.
Perguntar fora de sua rea de atribuio indevido,
ser indiscreto, estar querendo saber demais.
Cada macaco no seu galho, esta a filosofia
oferecida para o consumo e assimilao popular.
Em nossa Ptria, um doutor
reverenciado por esta imagem, projeta-se sobre a sociedade como um
semi-Deus. Teria sido informado da bravura do povo e da sua vontade
irrefreada de independncia, cidadania e autodeterminao no
continente ibero-americano? Saber ele as dimenses da sua dvida
social ao galgar as posies que alcanou? Nenhuma desconsiderao
queles que trabalham oferecendo os benefcios da cincia como
recursos seus e da humanidade, queles que no se bitolaram nos
s ensinamentos acadmicos de suas reas profissionais,
queles que alimentaram um esprito investigador, capaz de descobrir
que a humanidade mais que a soma de indivduos e que pessoas so
mais que corpos biologicamente e psicologicamente constitudos.
Raciocinar buscando a verdade, nas formas
mais verdadeiras de ver, entender e viver, constitui um esforo que
mobiliza o senso de autopromoo, no qual crescemos, nos equvocos
que superamos, nos desafios que antevemos e, fundamentalmente, na
solidariedade que ativamos.
Defender a dignidade de todos estar
definindo um sentido para a Humanidade, onde as violaes tero o
sentido da primitividade, porque o juzo filosfico conduz ao
discernimento do bem maior, o qual todos esto instigados a construir,
na sua forma de pensar e agir, sem a coao da uniformidade imposta.
Diamarante
Ferreira
Educador no Colgio Anchieta, em Porto Alegre, assessor da
Fundao Gacha do Trabalho e Ao Social e membro da Equipe Pedaggica
do Programa Nacional de Educao para a Cidadania
PRONEC |